Já sabes o que queres ser?

Já sabes o que queres ser?

Esta questão torna-se desconfortável nos jovens quando não têm respostas definidas, tornando-se num assunto incómodo apesar de incontornável à medida que se aproximam os momentos das decisões, e com isso aumenta a pressão e a ansiedade. Mas isso é o sintoma, porque a causa vem mais de trás.

Os primeiros sinais de que algo não está bem no percurso académico de um jovem, é o surgimento da desmotivação. Existem várias causas para se sentirem desmotivados é certo, mas neste artigo iremos debruçar-nos na causa mais identificada nas minhas sessões de coaching vocacional, e que é a falta de uma visão do que se veem a fazer no futuro, ao ponto de verbalizarem da seguinte forma: Eu já não sei porque é que estou a estudar!

E os pais? O que devem fazer perante esta situação? Devem passar a ser mais rígidos? Devem tomar diligências para acompanhar mais de perto os comportamentos e as escolhas dos seus filhos? Devem ser mais intervenientes ou assumir mais o papel de facilitadores concedendo maior autonomia e liberdade aos filhos? Não existem aqui respostas simplistas ou padronizadas, não existe um tipo de resposta mais adequado e universal. Cada caso é particular e deve ser encarado dessa forma. Irei deixar-vos isso sim, algumas técnicas que vos garantam acima de tudo demonstrarem o vosso apoio nesta fase conturbada da vida dos vossos filhos.  

Devemos começar por transmitir a mensagem aos jovens, que é normal ao longo do nosso percurso académico surgir esse sentimento de desmotivação, no entanto não o devemos ignorar mas sim perceber as suas causas. Ao longo das centenas de jovens que já acompanhei verifico que muitas das vezes, essa desmotivação se dissipa a partir do momento em que conseguimos desenvolver uma visão de possibilidades de carreiras académicas e profissionais que lhes agradem. E em que lhes demonstramos que essas possibilidades são realmente válidas e vão de encontro às suas expectativas. Simplificando, se estás no secundário ou num curso superior sem ter um rumo definido, é normal que as disciplinas com que não te identificas se tornem cada vez mais difíceis, e cuja aplicabilidade na tua vida se tornem cada vez mais árduas de entender. 

Ora como estar satisfeito e motivado num caminho que não sei para onde me está a levar?

Na grande generalidade desta comunidade estudantil, o objetivo maior e claramente definido é o de se ter a melhor média possível, o que é um objetivo válido, diga-se, mas pobre de conteúdo. Ele não mais do que contribui para nos mantermos focados em manter algumas portas abertas, mas não seria tão melhor, se conseguíssemos definir o que queremos encontrar para lá dessas portas? Aí sim, temos um objetivo a que verdadeiramente almejamos e a que nos dedicamos, germinando numa motivação cada vez mais forte. 

Verifico com muitos dos jovens com quem trabalho, que eles tomam as suas decisões de acordo com 2 critérios:

– ou por exclusão de partes;

-ou por procurarem opções que levem a carreiras profissionais financeiramente estáveis.

São critérios válidos, mas que de forma isolada, só com muita sorte os podem levar a uma vida profissionalmente realizada e feliz.

Agora pergunto, e se esses critérios estiverem incluídos num desenvolvimento mais global de uma visão de futuro? E que inclua a sua satisfação a exercer determinada atividade, e que essa atividade esteja alinhada com as suas características, aptidões, valores e paixões? Ai tudo muda, o assunto que anteriormente era tabu, “ O que queres ser?”, passa a ser do seu interesse partilhar, acompanhado de sorrisos e um brilho nos olhos, até o próprio andar passa a ser diferente, de alguém mais confiante, o que ao fim ao cabo é normal que assim seja, é o andar de alguém que sabe aquilo que quer.

Ora a mensagem a transmitir aos jovens é que para fazerem boas escolhas têm um trabalho a desenvolver, um trabalho de autoconhecimento e de pesquisa. Não as respostas não estão todas no Google, e elas não bater-vos à porta, isso não existe. E fazer-lhes ver que sem essas respostas, vai ser difícil sentirem-se confortáveis e entusiasmados com as suas opções. Desafiá-los a explorar experiências diferentes, de voluntariado, de trabalhos de verão, ou de fins de semana. Quando aumentamos o espectro das nossas vivências, e partilhamos essas experiências com pessoas diferentes é que conseguimos expandir os nossos horizontes e assim, descobrir o que gostamos e não de fazer e no que somos bons ou não a fazer.  

Quanto aos pais que sempre me perguntam de que forma os podem ajudar? Eu respondo, façam parte do processo, estejam presentes e ativos no desenvolvimento deste trabalho. Instiguem aos benefícios deles procurarem respostas, não de garantias, mas sim de respostas. Dêem-lhes autonomia, mas que essa autonomia venha com responsabilidade, a responsabilidade de apresentarem escolhas sustentadas com informação e análise, ao invés de escolhas baseadas em valores, conteúdos ou ideias simplistas e dissonantes da realidade do que é o mercado de trabalho e do que é perfil dos vossos filhos enquanto indivíduos.

Por isso pais deixo-vos aqui 2 recreações para aplicarem de uma forma leve com os vossos filhos:

  1. a) – A VOSSA ESCOLHA: partilhem com os vossos filhos como foi a vossa experiência, ou seja como foi o vosso processo de escolha, e o que fariam diferente hoje e porquê? Podem fazê-lo já esta noite ao jantar. 
  2. b) A ENTREVISTA (O MEU TRABALHO) – muitos dos jovens que me procuram sabem qual a atividade dos pais, mas não fazem ideia do que é que consiste o trabalho. Um bom exercício é pedirem aos vossos filhos para vos entrevistarem. Exemplos de perguntas que eles vos devem fazer: o que gostam mais e menos nas vossas profissões? Quais são as principais atividades que fazem parte do vosso dia a dia? Quais consideram serem as principais competências para a exercer? Sintam-se livres de acrescentar outras perguntas.

Com estes exercícios, tornem mais leve o processo e incluam-se, ao ponto da vossa opinião ser algo que eles prezam. 

Ao longo de mais de 10 anos como coach vocacional, verifico que os melhores resultados são sempre dos jovens e pais que entendem desde cedo que a procura por respostas implica dedicação, e que é o próprio processo de busca que os desenvolve ao ponto de definirem objetivos e percursos que lhes agradam. Fica o meu desabafo, que bom que é fazer parte destas descobertas e como eu amo o que faço! Let´s do this!

Sobre mim

Olá, o meu nome é Hugo Morais, sou um coach vocacional e o meu propósito está ligado ao teu!

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